Quanto se pode indignar a tutela pelo facto dos seus funcionários, cuja melhoria das condições de trabalho lhe compete, decidem fazê-lo per si?
Poderá o poder político indignar-se, mais do que se embaraçar, por ao fim de duas décadas os funcionários deixarem de esperar e apenas exigirem o cumprimento da lei para defender os seus interesses?
Da nossa parte, durante todo este tempo, defendemos vítimas, identificamos e detivemos autores de crimes graves. Alcançamos Justiça a qualquer hora do dia e da noite. E permitimos que a PJ continuasse a ser uma marca de referência, bem sabendo que nos pagavam valores indignos pelo trabalho extraordinário.
Pensamos que outros partilhariam connosco o sentido de dedicação ao serviço público e a vontade de resolver problemas.
Enganamo-nos redondamente. Ninguém quis saber. De nada valeram anos e anos de trabalho sub-remunerado, algumas vezes abaixo do salário mínimo, outras vezes a valor nenhum. Na Europa dos direitos tais práticas laborais já eram inaceitáveis no ano de 2000. Mas hoje, em Portugal, na PJ, isto ainda acontece. Indignemo-nos.