Pelo menos nisso

Querem-nos convencer que até o que é distinto, afinal, é o mesmo.

Numa época histórica em que se declara que tudo devia ser igual para todos, com óbvia exceção no tocante à distribuição de deveres, querem-nos também convencer que até o que é manifestamente distinto, afinal, é exatamente o mesmo.

Nos últimos tempos tem-nos sido garantido que, por exemplo, realizar serviço técnico ou administrativo num gabinete é igual a arrombar portas de suspeitos de terrorismo. Ou que a responsabilidade é a mesma de investigar um homicídio, um desvio de subsídio ou uma fraude de dezenas de milhões de euros.

Igualmente nos disseram que ter um horário certo e estável, que nos permite levar e ir buscar os filhos à escola, é análogo ao sentir falta de ter fins de semana livres para desfrutar com a família. Na mesma senda, que ser obrigado a realizar comissões de serviço de dois ou mais anos longe de casa é uma minudência, porque tudo, claro, é igual.

Consigna-se que não alinhamos nesses raciocínios e acreditamos que o trabalho, seja ele qual for, tem importância e dignidade próprias, e que para ser valorizado não necessita de comparações descabidas ou de argumentação falsa. É que nisso não somos iguais.