Se há coisa que caracteriza um investigador da PJ é a impaciência que tem com quem tem tempo a perder, sendo que ele, tempo, não tem nenhum. Parado no trânsito, tem a impressão que é o único com pressa. Espanta-se por ver outros, trabalhadores como ele, perdidos a admirar as montras das lojas ou a perscrutar o horizonte.
Também nas investigações, parece que é o único que tem urgência em esclarecer o caso. Chateia-se e chateia outros para que cumpram com a sua parte, uma vez que a oportunidade e a premência não são conceitos compagináveis com horários e agendas. E não se pode permitir que a prova se esfume ou que os suspeitos se eximam à Justiça.
Um investigador não é um escriturário, apesar de haver quem queira que o seja. Não labora das ‘9 am às 5 pm’, não pressupõe que as coisas vão ter à secretária e não espera por facilidades. Vai ao encontro da verdade e ao confronto dos factos, porque é como se obtêm resultados. Vive assim porque há que avançar e só resiste porque acredita que tudo se resume a aguentar a passada, apesar de por vezes seguir desacompanhado. O mesmo se passa em termos sindicais. Parece que só nós é que temos pressa.