Nesta semana, mais uma vez, realizou-se uma megaoperação da Polícia Judiciária, com ampla cobertura noticiosa. Também, mais uma vez, apesar dos cuidados dos investigadores para preservar o segredo da operação, alguém terá dado dela prévio conhecimento aos seus amigos, traindo mais uma vez a confiança nele ou nela depositada.
Acresce ao ilícito verificado a falta de bom senso quando se apressam comunicados com equipas ainda a realizar diligências. A fuga de informação deliberada é uma doença não reconhecida pela OMS, mas devia ser, principalmente quando põe em causa os objetivos da missão e a segurança daqueles que estão no terreno.
A verdade, nua e crua, é que ninguém parece particularmente preocupado, que interesses particulares se sobreponham aos coletivos ou que a relação com a comunicação social se paute pelo profissionalismo.
Resta-nos o consolo que um dia, quando as amizades se dissolverem, saberemos quem anda a sabotar, repetidamente, a natureza sigilosa do nosso trabalho. Nessa altura, reputações serão destruídas, e não teremos pena nenhuma, nem vergonha alheia, porque essa já a sentimos agora.