Já não chegavam as ameaças de terrorismo, de imigração ilegal e de conflito social e já temos outras a chegar em força. Como previsto, os factos sugerem que os criminosos já empregam os últimos avanços em inteligência artificial não só para gizar esquemas de burlas e de ataques cibernéticos, mas também para delinear rotas de tráfico humano, de drogas e de armas, com isto antecipando-se em anos à ação das polícias e dos governos de quem elas dependem. Bem sabemos que é emblemática a demora dos decisores a reagir, e que só o fazem quando se sentem seguros ou quando a isso são pressionados pelo eleitorado. Contudo, parece ser já muito evidente que a sofisticação dos criminosos e os meios que têm à sua disposição deviam obrigar o Estado Português a ser mais firme e resoluto. Ao menos, deviam os seus responsáveis aquiescer que, se não pretendem apetrechar as polícias e tribunais de meios adequados para combater estas novas ameaças é porque estão a considerar a barata alternativa da gradual capitulação da Justiça. Na prática, é a crueza dos valores orçamentados que revelam o caminho seguido. Cá estaremos para saber qual.
Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal da Polícia Judiciária