Há mais de vinte anos que vários dirigentes da Polícia Judiciária e diversos ministros têm abusado da abnegação dos investigadores criminais.
Este abuso é reiterado, logo qualificado, porquanto conhecido o problema, opta-se por ignorá-lo uma vez que os resultados lá vão aparecendo.
Apesar de nunca ter sido pago qualquer subsídio de disponibilidade e de todo o trabalho suplementar continuar a ser remunerado abaixo do valor-hora (quando não a valor nenhum), continua a ser desconsiderado o esforço, o altruísmo e a qualidade do trabalho realizado pelos investigadores criminais ao longo dos anos, afinal, tudo o que construiu e cimentou o bom nome da instituição.
A tutela não só abusa da forma de ser do pessoal da PJ: ociosamente, conta com essa postura para que seja dada resposta à criminalidade que causa perturbação social.
Já alguns dirigentes, com as leis na gaveta, transmitem aos seus funcionários que devem ficar em standby durante o seu tempo de descanso (vulgo prevenção à borliú) e para saírem para a rua assim que contactados, devendo trabalhar de noite e ao fim de semana, se for preciso.
Fazem-no há décadas, sem remorso ou peso na consciência. Será que só à associação sindical é que cabe o dever de defender os investigadores criminais da PJ?