Na próxima semana celebram-se 50 anos da Revolução dos Cravos. Para aqueles nascidos na década de 70 ou posteriormente, a revolução já pouco lhes diz. Isto porque a liberdade de expressão, o direito ao associativismo e até ao sindicalismo são conceitos de sempre e não conquistas de um povo. Há a mencionar aos que pretendem reescrever o passado que os tempos pré-74 aludiam a um país pobre, em guerra, extensamente analfabeto, onde a palavra liberdade, empregue em determinados contextos, era sinónimo de problemas. Mas parece que havia equilíbrio orçamental e baixo era o rácio da dívida pública, louváveis virtudes que por si só justificavam a ditadura, na cabeça de alguns iluminados de hoje.
Admite-se que nem tudo correu bem e que os objetivos da revolução eram demasiado elevados. Contudo, volvidos 50 anos após um dia marcante, e independentemente do posicionamento político, entendemos que nós, polícias, devemos celebrar os ideais de Abril. Sem eles, esta coluna não seria escrita e estaríamos a servir alguns senhores ao invés da Justiça, o que orgulhosamente fazemos. Nunca iremos abdicar desse desígnio. Venha quem vier.