Somos humanos. Por isso é que nos chocamos com a notícia de que os colegas da polícia ucraniana se encontram a investigar a morte de milhares de pessoas, parte delas encontradas em valas comuns, e nas quais se incluem cerca de 240 crianças.
Também a UE informou ter composto uma equipa com a polícia ucraniana, para que juntos providenciem pela recolha de provas e investigação destas mortes. Habituada que estava à suposta evolução da sociedade, nunca a Europa pensou voltar a assistir na primeira fila ao cometimento dos crimes previstos no direito internacional humanitário.
Se ser polícia nos dias de hoje já não é fácil, atuar neste contexto apenas poderá ser narrável por aqueles que o vivenciam. Também os investigadores da PJ já tiveram a experiência de atuar em autênticos cenários de guerra, como o foram os da queda da ponte de Entre-os-Rios ou o dos incêndios de Pedrógão.
Fizeram-no como sempre costumam fazer: com profissionalismo e consagração a valores maiores. Nesses casos, espera a tutela que sejamos eficientes, rápidos e insensíveis ao drama no qual mergulhamos sem tempo de preparação. Dizem que somos pagos para isso, apesar de não saberem exatamente quanto. Nós cumprimos. Mas, no fim do dia, ao desligar a luz do gabinete para regressar a casa, é que nos apercebemos… afinal, somos humanos.