Antigamente, era evidente que às épocas de semear sucediam-se as do germinar e do crescimento das plantas, e finalizava-se o ciclo com o regozijo da colheita.
Assim também sucedia com o coração dos homens. E se nele não fosse cuidadosamente plantada a fé num futuro melhor ou o reconhecimento pelos bons serviços prestados, dificilmente dessa agra sairia saboroso fruto ou opulento grão que satisfizesse quem dela se servia.
A verdade é que há 22 anos que não é verdadeiramente arada a frutífera alma dos investigadores criminais. Desde então, quem nos dirigiu deixou instalarem-se as ervas bravias da desconfiança e do desânimo, e permitiu a diminuição do talhão da crença de que mais alguém zelava por nós.
A ASFIC, ano após ano, tem lançado sementes na esperança que estas vingassem sobre os daninhos procedimentos que originaram a que o trabalho suplementar na PJ fosse remunerado abaixo do valor-hora, ou do salário mínimo, ou a valor nenhum. Lamentavelmente, e até ao momento, todas elas caíram em solo fraco, onde quase nada cresce e até o alento mirra.
É que os nossos corações precisam de ser cultivados, não com palavras, mas com ações, ainda que parcas, que permitam o florescer do ânimo. Não o querendo fazer, que ninguém se surpreenda com a colheita.