Se algum dia quiserem acabar com os poucos benefícios que restam na PJ, ficaremos bem. Deixaremos de interromper fins de semana ou férias para trabalhar em processos importantes, teremos mais tempo para a família e amigos.
Se algum dia quiserem que não trabalhemos fora de horas, ficaremos bem. Deixaremos de atender o telemóvel de serviço, poderemos ir mais vezes ao ginásio ou aproveitar o sol de fim da tarde numa esplanada.
Se algum dia quiserem tirar uma unidade à PJ, ficaremos bem. Teremos mais lugares de estacionamento, manteremos a amizade com os colegas deslocados, continuaremos a encontrá-los em almoços e jantares.
Se algum dia quiserem acabar com a PJ, ficaremos bem. Não iremos perder o vencimento, alguns de nós poderão ser reformados mais cedo, outros poderão até mudar para serviços mais próximos de casa.
Bem vistas as coisas, ficaremos bem, seja o que for que aconteça. Tão bem que até devíamos agradecer a quem tudo tem feito para isto se tornar uma realidade.
Portanto, nada temos com que nos preocupar. Quando as coisas começarem a correr mal, os donos disto tudo, os marqueses e outros que tais ficarão satisfeitos. E com eles os violadores, os homicidas, os assaltantes, os incendiários, os traficantes. E alguém terá de se inquietar com isso. Nós já não, e ficaremos bem.