Voluntários

Neste país que se quer desenvolvido, é no pico do combate aos fogos que se dá valor aos bombeiros voluntários.

Neste país que se quer desenvolvido, é no pico do combate aos fogos que se dá valor aos bombeiros voluntários. Só quando as labaredas regressam aos ecrãs é que nos apercebemos que estes homens e mulheres, muitas vezes só estes, deliberadamente se interpõem no caminho das chamas quando todos os outros delas fogem. Sem eles, sem a sua abnegação, sem a sua coragem, tudo o que já é horrível seria decerto muito pior.

Apagado o incêndio, e no rescaldo, são as equipas da PJ que abordam o cenário calcinado. Deslocam-se em viaturas sem condições por caminhos impossíveis, embrenham-se em ambientes tóxicos, impregnam a roupa de fumo e de partículas venenosas. Teimam em recolher a prova que discerne o crime da fortuitidade, o autor do inocente, a acusação do arquivamento.

Com exceção dos que estão no regime de prevenção em vigor na PJ, todos os outros, depois das 17h30, também são voluntários. O serviço não deixa de ser feito porque é mal pago, ou não é pago de todo, ou não há condições: o serviço é feito porque os investigadores também sabem que se não forem eles, mais ninguém se irá interpor no caminho dos criminosos.

Os voluntários merecem todas as honras. Mas num país que se quer desenvolvido, há combates que não deveriam ser travados em regime de voluntariado.