Desconfinário

Gradual, ponderada e progressiva. Ou “não vá o vírus tecê-las”.

O sufixo ‘ário’ está bem presente na língua portuguesa, existente em muitas palavras. Expressa a noção de relação com algo. São disso exemplos as palavras balneário, inventário, receituário, diário, funcionário, etc. Ou arbitrário, adversário ou contrário, também. Enfim, uma panóplia de termos infindos, consoante a tal relação, com algo.

Pressupõe, no fundo, uma imagem padrão que se atribui a uma concreta relação que se tem com algo, seja alguém ou coisa, esta em sentido físico ou abstrato. Uma relação expectável, definida e suposta, ou seja. Daí a razão de pretendermos aqui conjugar esse sufixo na palavra desconfinamento.

Nada mais a propósito, pois acabámos de entrar em fase de aplicação gradual de medidas de reversão da situação de confinamento pela pandemia de Covid-19. Essa malfadada doença que mata. Aplicação gradual, ponderada e progressiva. Ou “não vá o vírus tecê-las”, aproveitando a conhecida expressão referida ao ‘diabo’. ‘Desconfinário’, lá está, pois espera-se que o desconfinamento seja de todo apropriado à incontornável relação com a doença. Ajustado e adequado, prudente, expectável face ao perigo que, definitivamente, ainda não acabou.